sábado, 18 de julho de 2015

GURPS ÆRTH - Capitulo 7

Hochsend von Schultz gritou de dor por apenas um segundo. Sodoma, observando atentamente ao combate, apontou a cabeça encolhida de seu cajado para o guerreiro, e emendou o osso quebrado por mágica. O braço ferido assumiu uma coloração cadavérica, mas a dor desapareceu instantaneamente. Apesar disso, foi um giro da espada de Hagen, cortando diretamente o flanco da criatura, que impediu que o inimigo esmagasse crânio Hochsend enquanto esse gritava.

Num misto de coincidências e habilidade, um a um os inimigos foram vencidos. Sodoma lançou um feitiço de controle em uma das criaturas e a fez lutar contra os seus. Damon Cook tentou quebrar as pilastras de rocha e as de fogo, imaginando ter alguma conexão com as criaturas. Não teve sucesso nas tarefas, e nem tempo. Siltari Tauri, do alto, atualizava os companheiros sobre o que via, e como estavam dispostos os inimigos que vinham em ondas. Hagen triturava os oponentes de um lado, bradando o nome de Tyr, enquanto Mitrin Drachenlager acompanhava do outro lado, ambos criando uma música funesta do som de aço em pedra. Alexandros Mograine fez novamente de suas cimitarras gélidas e destruiu um dos inimigos com golpes rápidos e precisos - o frio de suas armas e a água de Yasmin eram MUITO eficientes contra esses inimigos. Depois de um breve combate, sobrou apenas um demônio: aquele sobre o controle mental de Sodoma.

O necromante aproximou-se da criatura e travou novamente um diálogo, naquela mesma língua estranha, ininteligível, cheia de sons fricativos. Quando se deu por satisfeito, repetiu o processo da torre - fez sinal para que Alexandros matasse a criatura que fora ordenada para permanecer parada e indefesa. O golpe com as lâminas geladas quase cortou o Dêmonio Antigo ao meio. Instantaneamente, os pilares de fogo se apagaram.

O necromante contou que a criatura dizia servir a um mestre, Primak, o demônio descrito no livro de Rosembaum, e ao ser perguntada sobre o que seu mestre queria, o ser respondera "tudo". Não desejando ficar na sala nem mais um momento do que o necessário, saíram pela arcada oposta seguindo pelo túnel sem fim. Após andarem por alguns minutos sem eventos, decidiram descansar. Pararam num trecho reto onde conseguiam ver tanto a frente quanto a retaguarda por dezenas de metros, a língua de fogo à direita iluminando o caminho. Ironicamente, fizeram uma pequena fogueira com tochas para cozinhar. Comeram e recuperaram-se. Alguns cochilaram e Alexandros até conseguiu silêncio o suficiente para meditar por alguns minutos.

Todos com mais calma, conversaram sobre o grupo - mais precisamente, sobre as rusgas do grupo. Hagen pediu desculpas à Damon Cook pelo ataque impulsivo, mas pediu que cessassem as ofensas à Tyr. Damon, ora mudo, ora debochado, disse de maneira estranha que o grupo todo era caótico. "Só Herbert me entende. Não é mesmo, Herbert? É sim. Eu disse pra eles". Combinaram de se escutar mais, porquê as únicas certezas que tinham era que teriam mais problemas até resolverem toda situação, e só podiam contar com eles mesmos. Ânimos, mentes, ferimentos e barrigas acalmadas, continuaram pelo túnel subterrâneo.

Perdendo a conta de quantas horas já se passaram, eles prosseguiam. Andaram até que o túnel começou a descer em uma espiral à esquerda. Algumas voltas e este terminou em uma nova arcada. Novamente, preparados para o combate, espiaram o máximo que conseguiram antes mesmo de pisar na sala. Esse local, no entanto, estava vazio. 

Se assemelhava com o fundo de um poço muito alto, com mais de vinte metros de altura. Um cilindro de rocha, desta vez não com aparência natural, mas feito de pedras ocres cortadas e encaixadas. O rastilho de fogo entrava na sala pela parede da direita, mas ia subindo em espiral pelo tubo. Sem janelas, havia apenas uma outra arcada fazendo às vezes de porta - lá no topo, a duas dezenas de metros do chão. O rastilho seguia por esse caminho. Nas paredes, abundavam reentrâncias e apoios para escalada. Nas concavidades da parede, símbolos espalhados. Sodoma e Damon identificaram os símbolos como um dos que representavam o elemento ar. Siltari disse que eles aparentavam o símbolo ælfico da morte.
Acharam que escalar não seria uma boa ideia. Sodoma disse que, entre as coisas que conversara com o demônio, podiam esperar desafios ligados aos elementos, o que estava bem claro agora. Água, Fogo, e agora Ar. Felizmente, os Myrmidons estão entre os solucionadores de problemas mais capazes de Ærwa: resolveram simplesmente VOAR até o topo. Damon Cook encantou Mitrin para que esse fosse capaz de volitar. Por ser forte, ele levaria Hagen e Yasmin nos braços, enquanto Siltari, Damon e Sodoma seguiriam voando.

Um a um, revoaram como pássaros... mas no exato momento em que Sodoma, que ia por último, deixou de tocar o solo, os símbolos gravados nas paredes começaram a sangrar um vendaval intenso! Claramente uma força antinatural, em um momento formou um ciclone dentro do cilindro de pedra. Literalmente, como folhas ao vento, os Myrmidons foram jogados violentamente contra as paredes e uns aos outros!

Sodoma, com um foco sobre-humano, conseguiu conjurar um feitiço de teletransporte ao meio da confusão. Em um salto no espaço, estava na arcada, no topo do poço. Vento o empurrava para baixo. No segundo salto ele aparecia num trecho do túnel, em relativa segurança, após a linha imaginária de onde o vendaval começava. O vácuo deixado pelo seu corpo era preenchido por um estouro de fumaça cinzenta com cheiro de terra do túmulo, instantaneamente dissipado pelo tornado. Infelizmente era o único que havia passado e restava assistir seus companheiros se virarem como podiam.

Mitrin, movido mais pela força de vontade do que pela força física, conseguiu vencer o tornado e chegar a arcada do topo. Deixou Hagen e Yasmin agarrados à parede lutando contra o vento e voltou para ajudar os outros. Damon Cook girava descontroladamente, sem conseguir voar numa só direção. "Heeeeeeeeeeeeeeeeerrrbbbeeeeeeeeeeeert!", gritava. Siltari, batendo nas paredes, também girando, tentou agarrar o cozinheiro para tentar alguma estabilidade para ambos. Acabou segurando à jaqueta de Damon - e num só movimento conseguiu despir o homem e ficar sem ver; o vento grudou a peça de roupa em seu rosto como uma segunda pele. Ambos giravam sem controle, chocando-se contra as paredes, solo e um com o outro.

Foram longos momentos até conseguirem recuperar o controle. Damon Cook conseguiu pousar no centro do poço, esforçando-se para gritar algo para os amigos. Com o vento fortíssimo, ouviram algo como "tentar" e "escalar". Hagen usava seus poderosos músculos para não só se firmar na parede acima, como segurava Yasmin, que perdeu a pegada algumas vezes e certamente cairia. O vento surgia do nada no túnel acima, soprando impossivelmente na direção do ciclone. Sodoma tentava alcançar uma das mãos de Hagen com seu cajado, mas era impraticável. Mitrin, descobrindo-se um melhor aeronauta do que jamais imaginou, conseguiu, com dificuldade, chegar a ælfa e ajuda-la a subir. Também agarrada a parede de pedra, conseguiu, finalmente, alguma estabilidade. Hagen mandou as ælfas darem as mãos, e começou a puxar ambas para trás. Enquanto isso, Mitrin voltou para buscar o cozinheiro, e ambos subiram voando abraçados em meio ao redemoinho. Um a um, e com a ajuda de todos, foram passando da linha imaginária no túnel acima, onde o vento antinatural começava a soprar. Assim que o último passou, ele cessou, e o turbilhão morreu.

Embora estivessem com escoriações de choques com as pedras, num estado lastimável, e a jaqueta de Damon estivesse lá embaixo em algum lugar, eles estavam de volta no túnel. De alguma forma, o rastilho de fogo seguia a parede da direita, nunca tendo se apagado nesse tempo todo.

Eles haviam passado mais um desafio.

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