sábado, 18 de julho de 2015

GURPS ÆRTH - Capitulo 6

Por um breve momento, o espaço se torce ao redor de Damon Cook. Como se regurgitado por uma fera gigante, apareceu aos portões de Skyfall com um alto estrondo púrpura. Era estranho, pois ele havia tentado se transportar magicamente para a sala do trono. Convencido que o castelo tinha defesas mágicas contra seu feitiço, andou até o portão principal e exigiu falar com Lorde Carmell. Rapidamente, foi levado até a sala de conferências, onde lhe foi servido vinho e comida, enquanto acordavam o senhor no meio da noite.

Após uma breve espera, Lorde Herry Carmell entrou na sala, alerta, mas com a aparência de quem acabara de acordar. Era acompanhado de três guardas e Sir Derron Coriander, seu conselheiro, senescal e "sábio pessoal". Após mandar os guardas protegerem as entradas e os deixarem à sós os lordes sentaram-se ao lado do cozinheiro e perguntaram o que havia acontecido. Damon Cook não estava mudo nesta noite, então falou abertamente sobre tudo o que tinha presenciado em Tsorvo. Não deixou nada de fora. Os nobres ficaram a maior parte do tempo em silêncio e ouvindo - interrompendo raramente, e apenas para esclarecer algum ponto da narrativa.

Quando o cozinheiro terminou seu relato, Lorde Carmell já estava completamente desperto. Ordenou que ele retornasse à Tsorvo como veio e que os Myrmidons deveriam seguir pelo túnel aberto no espelho e descobrir o que havia do outro lado. Deveriam matar todos os demônios que encontrassem. Levantando, mandou chamar o capitão da guarda, Sargos Grimmwulf, e pediu que ele preparasse todos os homens para proteger Skyfall, enquanto enviaria uma brigada à Tsorvo para prestar socorro aos sobreviventes. E tentaria entrar em contato com esse Lorde Qyle de Brynndol, desconhecido por eles.

Sir Derron, quando inquirido por Cook, conseguiu explicar os objetos trazidos. Após examinar os itens minuciosamente e com um feitiço de escrutínio que fez sua fronte verter um fluído brilhante da cor do céu de verão, disse que eram feitos com o auxílio de poções alquímicas. Contou que o frasco de vidro era uma poção luminescente: bastava abrir a tampa e jogar a pílula no seu interior para que fosse criada uma reação que geraria uma luz fria. O ovo de jaspe era um objeto de cura. Se pressionado, seria esmagado com facilidade. De dentro do ovo emanaria um miasma que curaria ferimentos e mazelas de quem o esmagou em sua palma. O cozinheiro agradeceu, silenciosamente invejando o conhecimento compartilhado, pegou os itens e partiu.

Tentou dobrar o espaço diretamente da sala onde estava, mas suas suspeitas viraram certeza: Sir Derron disse que o castelo de Skyfall era protegido contra esse tipo de invasão mágica. Deveria tentar do lado de fora. Sentindo-se ignorante pela primeira vez em anos, Damon Cook decidiu que não gostava do velho feiticeiro.

Saiu em direção ao portão principal e viu metade do castelo acordada. Soldados preparavam-se para partir. Ainda que tudo desse errado, a centena de homens armados que chegariam a Tsorvo em meio dia poderia resgatar seus corpos. Concentrando-se por um momento, novamente sumiu em meio a fumaça púrpura. Voltou o topo da torre de Lorde Octavius de Tsorvo.

No pouco mais de uma hora que se passou, Hagen, impaciente, não queria esperar. Descortinou o espelho e entrou no corredor. Mitrin resolveu o acompanhar, por segurança. Era um túnel de rocha marrom clara, quase perfeitamente esférico, excluindo-se o chão, reto. O anão notou que o caminho era de aparência natural e não esculpido por homens. Andaram alguns passos, e iluminados pelo fraco luar, viram uma placa na parede de pedra. Era feita de bronze, alguns tons mais escuros que a parede, e tinha uma inscrição em velho Imperial, língua desconhecida para ambos. Abaixo da placa, uma estátua de uma harpia, uma criatura meio mulher, meio águia. Era encrustada na rocha sólida pelas patas e garras e protegia a sua frente com as grandes asas, parcialmente escondida. Ao lado da estátua, uma simples alavanca apontava o teto.

Imagem conceitual, não uma reprodução exata da estátua. 

Hagen queria prosseguir, mesmo sem saber o que aquilo significava. Chamou por Sodoma e pediu uma tradução. Acreditando que isso iria apressar ainda mais o seguidor de Tyr, o necromante simplesmente permaneceu onde estava. Forçosamente, os homens de armas aguardaram.

E então a nuvem de fumaça trouxe o cozinheiro de volta. Ele informou o que se passara em Skyfall e para que serviam os itens. E repassou as ordens de seu lorde; tinham de passar pelo portal. Matar todos os demônios. Hagen agradeceu, sedento por ação.

Antes de ir, porém, tomaram algumas precauções. Alexandros Mograine desenhou com suas lâminas alguns riscos no chão de pedra, um grande círculo delimitando o espelho. Conforme ia marcando as pedras, rezava e tocava seu corpo e a marca com as mãos. O brilho azul em seus olhos oscilava, parecendo acompanhar sua reza, ora como lanternas, ora como estrelas. Em pouco tempo, havia desenhado um círculo cheio de símbolos. Disse ter projetado um feitiço de proteção e que nenhuma criatura mágica poderia cruzar os limites da roda. Assegurou que nenhum demônio sairia, não importando o que acontecesse. Hochsend aproveitou a oportunidade e postou os Guardiões da torre, mesmo trôpegos, ao redor desse anel.

Julgavam ser a melhor proteção que podiam fazer. E um a um, entraram no túnel. Quando Hochsend pisou no chão de terra, a caverna soltou um longo GRITO, vindo de todos os lugares, como centenas de mulheres e crianças em sofrimento. Era ALTÍSSIMO, e os Myrmidons tomaram um grande susto e se abalaram, cobrindo os ouvidos. De alguma forma, esse lugar reagiu na entrada do cavaleiro. Ainda assim, só havia um caminho. Quando os gritos cessaram, tão rápido quanto vieram, prosseguiram sem trocar palavras.

Ao chegar na placa com a frase em Imperial, Cook e Sodoma a leram. Estava escrito "eínai tyflos viderent et viderentur in tenebris". Disseram significar "andem sem ver ou vejam e sejam vistos". Hagen puxou a alavanca enquanto os outros pareciam pensativos, decidindo o que fazer. Com vários estalos, algum peso foi liberado por trás da pedra. Com movimentos entrecortados, a estatua da harpia, um autômato movido por cabos, abriu suas asas e as mãos estendidas portando algo que parecia um quartzo do tamanho de um olho, como uma oferenda. Ao término do que pareceu ser um giro de uma roda invisível, a tensão dos cabos se foi, e a estátua juntou as mãos e asas violentamente, voltando à posição inicial. Ao fazer isso, as pedras em suas mãos se chocaram e uma chuva de faíscas foi lançada nas proximidades, como de uma pederneira. Um fogo se acendeu numa reentrância até então invisível na parede, abaixo da alavanca, e um risco de chamas foi seguindo pela parede direita do túnel, até onde a vista alcançava. Era como se um rastilho feito com óleo de lamparina fosse aceso, uma longa língua de fogo lambendo a rocha... iluminando o caminho.

Entre indiferentes com a luz e contrariados com Hagen pela impulsividade, seguiram em frente. Veriam o caminho, afinal. Sodoma, ainda em silêncio, apontou o que achava da ação fazendo verter uma forte luz leitosa dos olhos da cabeça encolhida que ficava empoleirada em seu cajado mágico.

Seguindo pelo túnel, era fácil notar que algo não estava certo. Não era um túnel feito por seres pensantes, assegurou o anão, mas sim uma ocorrência que parecia natural. E no entanto, era uma caverna diferentes de todas, as rochas desérticas, sem umidade, sem fungos, quase nenhuma vegetação. Sem insetos. Sem o ar parado. Largo, até três Myrmidons conseguiam andar lado a lado, e com espaço para combater - pois era o que todos esperavam. E parecia infinito.




Andaram pelo que pareceu ser uma boa hora. Sem alterações, tudo era igual. O rastilho de fogo na parede iluminava o caminho como uma dezena de tochas. Num dado momento, o túnel começou uma descida. No final da descida, um passagem em arco. Com cautela, examinaram o que vinha além: uma caverna, aparentemente natural como o túnel, mas também perfeitamente esférica, sem estalactites ou estalagmites e que terminava em um pequeno lago subterrâneo.

Yasmin, sendo uma ælfa da água, prontamente se voluntariou para examinar o lago. Sendo anfíbia, praticamente agradeceu a chance de um belo banho gelado. Mergulhou e saiu da vista dos Myrmidons, que permaneciam na beirada no lago, olhando o rastilho de fogo prosseguir, debaixo d´água, ao desconhecido.

Um breve momento de tensão, e Yasmin retornou. Parecia mais bela saindo d´água. Disse que era um lago "em formato de gota", profundo largo na parte de baixo, e muito mais estreito em cima. O rastilho de fogo continuava a queimar, de alguma forma, como uma poção borbulhante. Mesmo com essa luz, ela não conseguia enxergar o fundo do lago, e resolveu não se afastar tanto. Não havia um bolsão de ar, mas após pouco mais de uma dezena de metros, uma saída. O túnel continuava. O lago seria então mais um obstáculo simples.

Para uma ælfa da água, claro. Que respirava ar. Ao relatar o que encontrou, metade do grupo se entreolhou. Muitos não sabiam nadar. Hagen, Hochsend, Mitrin...

Depois de um tanto de deliberação, decidiram que as ælfas, Yasmin e Siltari, iriam nadar para o outro lado com duas cordas unidas em uma. Tentariam amarrar em algum lugar e dariam um aviso. Tudo certo, os outros passariam segurando a corda, submersos completamente, tentando apenas segurar o fôlego por pouco mais de uma dezena de metros. Parecia simples.

Parecia.

Alheio ao planejamento, Damon Cook disse que não precisavam se preocupar com ele. Um breve  momento de concentração, e ele pareceu vibrar, de alguma forma. Deu dois passos e *atravessou* a parede do lado, andando pela rocha como se fosse ar. Yasmin e Siltari cruzaram o lago novamente, procurando um local para ancorar a corda. Viram Cook sair da parede do lado delas, seco. Ficou ali olhando e esperando. Pouco a frente, o túnel parecia chegar ao final.

Não havia onde amarrar a corda. Não havia pedra ou ponto de apoio ou reentrâncias - outra estranheza do túnel, liso. A solução foi carregar Hagen para o outro lado, o segundo mais forte dos Myrmidons. Ambas não tiveram trabalho para submergir o cavaleiro, já que ele não tirou a armadura, armas e equipamento, mas fazê-lo não se debater e engasgar foi impossível. Hagen passou, embora quase se afogasse. De lá, depois de assoar a água, segurou a ponta da corda. Do outro lado, Mitrin, o gigantesco anão, esse sim o mais forte, segurava a corda como a um barbante.

Um a um, começaram a passar. Com maior ou menor facilidade, a maioria se afogou e respirou água, embora a corda e as ælfas impedissem o pior. Sodoma, um dos que menos precisou de ajuda, notou um movimento indefinido no fundo do lago, olhando com a ajuda da luz de seu cajado. Saindo, molhado, pediu para que se apressassem, pois previa problemas.

Provou estar certo. Uma estranha criatura apareceu, massiva. Cobria quase todo o espaço de cima do formato de gota - certamente antinatural, aparentava-se com duas águas-vivas gigantes, coladas pelas traseiras. Era levemente fluorescente, e tinha dezenas de tentáculos que saiam pelas laterais e alcançavam ambos os lados dos túneis. E atacou os Myrmidons por ambas as frentes!

Novamente, imagem conceitual.
A situação era caótica. Hagen segurava a corda de um lado, impedido de combater. Hochsend o ajudou, protegendo-o com o escudo, mas os tentáculos eram muitos, e o cavaleiro não podia recuar. Hagen ora tentava largar a corda e golpear, ora a mantinha segura - mas escorregava e entrava no lago até as coxas, indo e voltando.

Sodoma disparou um feixe de luz solar da ponta de seu cajado e queimou a criatura mesmo dentro do lago. Damon Cook desapareceu. Ninguém sabia onde ele estava. Do outro lado, Mitrin segurava a ponta da corda, enquanto tentava afastar os tentáculos com seu grande machado. Luparus recuou esgrimindo: não sabendo como ajudar ou atravessar com Garã, seu macaco, escolheu sabiamente não atrapalhar. Alexandros cortava os tentáculos que saiam da água, mas eram muitos, e isso não reduziu o ímpeto do monstro. Yasmin ficou dentro do lago, tentando pelo menos afugentar a imensa criatura furando-a com seu tridente pelos flancos.

Em parte combate, em parte cabo de guerra, a tática da criatura era clara: agarrar os Myrmidons com seus longos tentáculos e arrastá-los para a água. Uma vez submersos, a morte era certa, entre serem afogados e comidos vivos. Sons diversos ecoavam pelos túneis - água chapinhando alto, gemidos de força ao puxar a corda, brados de batalha, o som de metal contra a carne gelatinosa, e gritos de desespero ao serem agarrados e puxados. Ninguém ainda tinha sido totalmente puxado, graças à ajuda uns dos outros. Em um determinado momento, Hagen foi agarrado pela cintura e esmagado. Teria sido puxado, não fosse um feitiço vindo do nada, um raio verde atordoante, que, com um barulho metálico, fez a criatura o largar.

Sodoma concentrou-se com mais vontade, e sua determinação fez verter de seu cajado um feixe de luz solar mais poderoso, esse sim queimando gravemente a criatura. Ao mesmo tempo, Alexandros conjurou um feitiço de desidratação, um dos focos de sua magia do frio, enfraquecendo ainda mais o monstro. Foi então que, cansado do impasse e para aproveitar essa chance, Mitrin adotou uma tática suicida: enrolou a corda ao braço com firmeza, e entrou gritando na água, desferindo os golpes mais fortes que conseguia direto no corpo da criatura. Seu heroísmo, até então conhecido apenas por fama, pôde ser testemunhado pelo grande estrago que fez - grandes pedaços de carne gelatinosa separaram-se em meio a um líquido viscoso e a água gélida, e a criatura soltou a todos. Com golpes capazes de colocar abaixo o mais forte dos portões de castelo, Mitrin Drachenlager, o Dragão sob a Montanha, golpeou freneticamente o ser estranho, até que esse estremecesse e afundasse lentamente.

Ao assistir a criatura fugindo ferida ou inconsciente, aproveitaram para passar. Ambas ælfas ajudaram o resto dos Myrmidons a nadar. Nesse ínterim, uma briga. Damon apareceu, revelando ser o fim do túnel uma de suas ilusões para que possíveis inimigos não viessem pela retaguarda, uma parede falsa. Irônico, criticou a postura vacilante de Hagen: "ao que parece, Tyr não tem poderes debaixo da água".

Conhecido por seu temperamento esquentado, o servo do Deus da Justiça começou a discutir, mesmo enquanto os outros ainda passavam com dificuldade para o outro lado. Largou sua ponta da corda, e forçosamente Hochsend a agarrou. Mais ofensas voaram, e foram às vias de fato - ao ouvir um novo deboche à seu deus, Hagen desferiu dois socos no cozinheiro. Este, por sua vez, pareceu tremular como uma miragem, e teleportou-se na distância de um passo, evadindo-se de um dos socos. O outro golpe, ele desviou com seu bastão. Ao ver a fúria nos olhos do cavaleiro, recuou, e mandando um beijo jocoso, fundiu-se novamente com a parede, fora do alcance. Enquanto isso Hochsend tentava acalmar os ânimos e pedir ajuda, ainda segurando sua ponta da corda e auxiliando os outros. Sem sucesso.

Em pouco tempo, todos estão do outro lado. Cansados, molhados e com frio. Garã deu menos trabalho que o imaginado, mas acabou afogando-se um pouco, como todos. Era um clima tenso, onde ouviam-se apenas tosses e reclamações. Damon revelou, numa nova provocação, que o feitiço desconhecido que havia salvado a vida de Hagen tinha sido sua obra.

Afastando-se da borda do lago, viram que o túnel continuava, idêntico, para cima. O rastilho de fogo, como feito por alquimia ou magia, saía de dentro da água e continua iluminando, sempre à parede da direita. Discutiram todos sobre seriedade e responsabilidade, e que não poderia haver brigas entre eles enquanto estivessem nessa situação, um tão dependente da ajuda do próximo. Relutantemente, uma trégua foi feita.

Novamente andaram pelo que pareceu serem horas. Subiram um tanto e depois andaram, retos como uma flecha. Depois curvas leves para a esquerda e direita, e o túnel desembocou em uma nova arcada. Acabava numa sala, essa sim feita por construtores. Tinha mais de dez metros de largura por vinte de comprimento, divididos por três fileiras de três colunas espaçadas igualmente.


Cansados de serem pegos de surpresa, examinaram o máximo que podiam sem atravessar a arcada. Damon Cook e Sodoma notaram, ao mesmo tempo, que entre as colunas haviam várias cópias de um dos símbolos místicos do elemento fogo. Após conjurar um feitiço tremeluzente, Sodoma avisou ao grupo que haviam inimigos esperando e que não pisassem nos símbolos.


Hochsend decidiu fazer uma formação de batalha, com Hagen e Mitrin ao seu lado na vanguarda, Yasmin, Alexandros e Luparus no meio e Sodoma e Cook na retaguarda. Siltari voava acima do grupo, no espaço entre suas cabeças e o teto, através de um feitiço de voo que fazia o ar a sua volta cintilar e a fazia exalar um leve odor de alfazemas.

Adentraram a sala lentamente. Ninguém à vista, foram avançando até a primeira fileira de colunas. Hochsend sentia o mal da sala, como se combatesse sua fé em Tyr. O mesmo deus pulsava dentro de Hagen, avisando-o de inimigos. Hochsend acreditava que as colunas era de onde o mal emanava, então foi até uma delas, em guarda, e tentou desajeitadamente "exorcizar" a arquitetura. Sem um ritual de preparação ou orações, apenas bateu em uma das colunas com seu escudo...

... e imediatamente após isso, Demônios Antigos, do mesmo tipo que eles encontraram na Torre de Tsorvo, saíram de dentro da arquitetura, findando sua fusão com a pedra! Eram nove deles, um para cada coluna. Todos feitos da união da rocha e do fogo, portando correntes e armas incandescentes, no formato de espadas curvas, ganchos ou porretes.

Novamente, houve combate. Novamente, o sons de metal faiscando pedra, cordas de arco sendo retesadas e soltas, urros e brados e o sangue respingando. Hochsend iniciou imediatamente um ataque a criatura que estava bem à sua frente, cuidando para que pudesse improvisar uma parede de escudos com Hagen e Mitrin. Teria funcionado muito bem, se ambos não avançassem um para cada lado, em busca do Demônio Antigo mais próximo, quebrando a formação. Yasmin e Sodoma lançaram diferentes feitiços: um jato de água de alta pressão em um dos inimigos e um atordoamento mental em outro. O Demônio que lutava contra Hochsend recuou levemente, trocando o peso do corpo para a perna esquerda, pisando no símbolo gravado no chão da caverna. Com um estrondo, uma COLUNA DE FOGO ergueu-se explosiva, como uma erupção em miniatura. Como que por mágica, TODOS os círculos no chão verteram chamas, e foi apenas por sorte que nenhum dos Myrmidons foi atingido. No entanto, o salão da caverna agora era dividido por pilar de fogo, coluna, pilar de fogo, coluna, pilar de fogo, coluna, pilar de fogo... quatro e três, intercalados, vinte e uma barreiras. As criaturas pareciam imunes ao fogo, renovadas até.

Siltari, voando habilidosamente por entre estes obstáculos, disparava flechas com maestria e olhava de cima a todo o combate. Os nove inimigos avançavam, mas havia uma arcada no final que indicada a saída. Damon fez por bruxaria que uma coluna se derretesse parcialmente, virando lama, e escorresse sobre um dos pilares de fogo. A tática funcionou parcialmente, uma vez que as chamas foram apenas abafadas, e não apagadas. Alexandros correu junto à parede, e evitou que fossem flanqueados por um dos Demônios. Luparus, ao notar o caos que a formação tinha se tornado, jogou uma de suas bombas de fumaça, obscurecendo a visão dos monstros.

Tentavam se virar o melhor que podiam, todos os Myrmidons envolvidos em combate. Os Demônios pareciam lutar com jubilo e prazer pela matança, com um arremedo de sorriso entre as rochas que se assemelhavam a dentes, e buscavam, sem explicação racional, à Hochsend. Um deles girou sua pesada corrente flamejante com tamanha velocidade e ódio, que o jovem não conseguiu se defender... com um estalo alto, seu braço quebrou-se ao meio, o grande escudo anão pendendo ao seu lado, inerte.

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